Isabel Lousada

Enrique Rodrigues-Moura beim Vortrag mit Herrn João Dionísio als Sektionsleiter

Enrique Rodrigues-Moura
Enrique Rodrigues-Moura

Poster von Christina Märzhäuser und Enrique Rodrigues-Moura in der Eingangshalle der Geisteswissenschaftlichen Fakultät (Faculdade de Letras) der Universität Lissabon

Naidea Nunes

Die TeilnehmerInnen nach der Laudatio für Ivo Castro

IV Congresso Internacional de Linguística Histórica

Lisboa, 17-21 de Julho de 2017

Organizado pelo Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, o IVºCILH dá continuidade à série iniciada em Salvador (Rosae – I CILH, 2009) e seguida pelas edições de São Paulo (Castilho – II CILH, 2012) e Santiago de Compostela (Gallaecia – III CILH, 2015), que homenagearam Rosa Virgínia Mattos e Silva, Ataliba Teixeira de Castilho, Ramón Lorenzo e Antón Santamarina. Os domínios científicos nucleares deste congresso são a linguística histórica e a crítica textual, mas outras áreas do saber que dialogam com a linguística histórica ou a crítica textual têm igualmente lugar.

O Homenageado

Ivo Castro nasceu em Lisboa em 1945, estudou em Lisboa e em Paris, iniciou a sua carreira de docente da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1969, percorreu bibliotecas e universidades da Europa e do Brasil, como pesquisador, professor ou conferencista convidado. Mas a sua carreira de docente desenvolveu-se sempre na Universidade de Lisboa, onde foi professor catedrático, diretor do Departamento de Linguística, diretor do Centro de Linguística e do seu grupo de Filologia, diretor da Cátedra de Estudos Galegos e diretor da Área de Ciências da Linguagem. Em 2016, três anos após a sua aposentação, foi-lhe atribuído pelo Reitor da Universidade de Lisboa o título de professor emérito, em reconhecimento do seu perfil invulgar de humanista e da influência do seu magistério em gerações de estudantes que orientou em mestrados e doutoramentos.
Responsável pela edição crítica de autores como Fernando Pessoa e Camilo Castelo Branco, editor de textos medievais e barrocos, crítico, conhecedor notável e divulgador de textos portugueses de diferentes épocas e géneros, Ivo Castro está desde há muito no centro da investigação filológica em Portugal. Especialista em história da língua portuguesa e crítica textual, em articulação feliz com a literatura, a cultura e a história, é autor de uma extensíssima, influente e variada produção científica e mestre de investigadores de orientações diversas, dentro e fora de Portugal. Impulsionador nato do diálogo entre investigadores de diferentes gerações e áreas disciplinares, continua, com a sua intervenção original, a instigar a construção de pontes e o trabalho colaborativo entre os estudiosos da língua portuguesa espalhados pelo mundo.
Da sua densa produção bibliográfica, destacam-se as obras: Introdução à História do Português (2006), com traduções italiana (2006) e espanhola (2013); História da Língua Portuguesa em linha (2001); Sobre a data da introdução na península Ibérica do ciclo arturiano da Post-Vulgata (1983); Estratégia e táctica da transcrição (1986; com Maria Ana Ramos); Sur le bilinguisme littéraire castillan-portugais (2002); A primitiva produção escrita em português (2004); ‘As Tardes de Verão’ de Fr. Jerónimo Baía (1971); Livro de José de Arimateia: estudo e edição do cod. ANTT 643 (1984; tese de doutoramento); Fernando Pessoa, O Manuscrito de “O Guardador de Rebanhos” (1986); Editar Pessoa (1990), 2.ª edição revista e ampliada em 2013; Fernando Pessoa, Poemas de Fernando Pessoa. 1921-1930 (2001) e Poemas de Fernando Pessoa. 1931-1933 (2004); Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição (2007, 2012); Hugo Schuchardt, José Leite de Vasconcellos, Correspondência (2015; com Enrique Rodrigues-Moura); e a edição digital de O Dicionário de Regionalismos e Arcaísmos de José Leite de Vasconcellos (em fase de finalização).

Sessão 6. Conceitos de Autor e de Edição genética
(20 de Julho de 2017)

Presidência de Mesa: Prof. Dr. João Dionísio

Conferência: «Edição crítico-genética e práxis poética»
Enrique Rodrigues-Moura (Universität Bamberg)

Abstract
Do ponto de vista da teoria literária, um texto ficcional vem a ser apreciado como produto estético, cujo significado ou interpretação há de se encontrar no próprio texto, logo, não como documento biográfico relativo ao autor empírico. Nesse sentido, a importância do autor empírico, que pertence ao mundo exterior ao texto e não ao mundo da ficção (diferença ontológica), vem a ser, para a interpretação do seu próprio texto, um assunto menor ou até irrelevante. Diferentes críticos do século XX postularam a diferença ontológica entre autor e narrador (Friedmann, Hamburger, Kayser, Booth), até se chegar à morte do primeiro (Barthes, Foucault). No entanto, os estudos de gênero e/ou os estudos pós-coloniais relançaram o interesse hermenêutico sobre a figura do autor empírico. Na virada do século XX para o XXI, a figura do autor voltou a ganhar interesse acadêmico (Chartier, Jannidis et alii), embora com notáveis restrições, se levarmos em consideração a sua clara hegemonia no século XIX. Um autor empírico é o detentor dos direitos autorais, responde perante a possível censura do seu texto e oferece uma unidade a um possível corpus de textos, além de que não se lhe pode negar a possibilidade de ser o fundador de um discurso ou sistema de ideias, no sentido de Foucault (Chartier).

Uma edição crítico-genética procura, enquanto crítica, fixar o texto mais autorizado, por ser a vontade reconstituível do autor empírico, ao tempo que, enquanto genética, procura documentar e apresentar de forma visível o percurso que o autor seguiu na elaboração do seu texto (Castro, Spaggiari/Perugi). Esta definição parte da ideia de que um texto, também um texto literário, não é um objeto estático, mas sim um processo histórico, logo, conotado pelo tempo. O movimento é imanente ao texto.

Tendo em consideração as duas reflexões anteriores, tanto sobre o conceito de autor como sobre a definição e implicações interpretativas de uma edição crítico-genética, esta apresentação estuda as variantes genéticas de um texto literário não como simples variantes estéticas, ou até de correção de gralhas, mas como a possibilidade de apreensão do que poderíamos denominar práxis poética do autor empírico. Determinadas correções, tais como supressões, substituições ou adições ao texto, chamam a atenção, do ponto de vista da materialidade da escrita, para a consciência narrativa de uma práxis poética que o autor empírico quer imprimir ao seu texto. Essa práxis poética só se aprecia durante a leitura de uma edição crítico-genética e passa despercebida, no entanto, em quase qualquer outro tipo de edição. Propõe-se a diferenciação entre as emendas de elocução (relativas aos vocábulos, logo, à composição linguística do discurso) e as emendas de poética, as quais permitem resgatar a consciência poética do autor empírico. As primeiras são indícios de uma preocupação pela língua, pela elocução, e as segundas são indícios de uma consciência poética consciente: ars / inspiratioτέχνη (téchne) / ἐνθουσιασμός (enthousiasmós).

Apresentam-se e discutem-se exemplos das edições genéticas de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro e do romance Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco, realizadas por Ivo Castro, professor homenageado no IV.° Congresso Internacional de Linguística Histórica (Lisboa, Julho de 2017).

Publicação:
(2019) Rodrigues-Moura, Enrique. »Para uma interpretação hermenêutica de uma edição crítico-genética: emendas de elocução e emendas de poética«. In: Ernestina Carrilho / Ana Maria Martins / Sandra Pereira / João Paulo Silvestre (eds.). Estudos Linguísticos e Filológicos oferecidos a Ivo Castro. Lisboa: Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, 1339-1353.

  • Book launch: Estudos Linguísticos e Filológicos (26 September 2019, 16:30 to 17:30), Bush House, Strand Campus , London – King’s Events – King’s College, London
    Estudos Linguísticos e Filológicos is a tribute to Ivo Castro, Emeritus Professor of the University of Lisbon and once visiting Teaching Fellow at King’s College, London. Castro is a leading specialist of the history of the Portuguese language and the coordinator of the Critical Edition of Fernando Pessoa's complete work.
    The book draws together texts from more than one hundred researchers, presenting the current studies into the various disciplines of Portuguese linguistics (phonology, dialectology, syntax, historical linguistics, lexicology) and textual criticism.
    The launch will be presented by Stephen Parkinson (University of Oxford) and Ana Maria Martins (University of Lisbon).

 

Sessão de pósteres (17 de Julho de 2017, 16:30–18:15)
«António da Costa Peixoto’s Obra nova da língua geral de Mina (1731/1741) – A print and online edition of a unique historical document on the Ewe-Fon-legacy in Brazil»

Christina Märzhäuser / Enrique Rodrigues-Moura

Presidentes de Honra
Ramón Lorenzo
Inês Duarte

Comissão Organizadora
Ana Maria Martins
Anabela Gonçalves
Cristina Sobral
Ernestina Carrilho
Esperança Cardeira
Fernando Brissos
João Dionísio
João Paulo Silvestre
Rita Marquilhas
Sandra Pereira
Silvana Abalada
Tiago Castro

Secretariado
Carlota Pimenta
Clara Pinto
Elena Lombardo
Fernando Brissos
Raïssa Gillier
Sandra Antunes
Sandra Pereira
Silvana Abalada
Vanessa Köbke López

Comissão Científica
Alan Baxter (Universidade de Saint Joseph, Macau)
Ana Boullón Agrelo (Universidade de Santiago de Compostela)
Ana Maria Martins (Universidade de Lisboa)
Ana Paula Banza (Universidade de Évora)
Anabela Gonçalves (Universidade de Lisboa)
Anabela Leal de Barros (Universidade do Minho)
Ângela Correia (Universidade de Lisboa)
Ataliba Teixeira de Castilho (Universidade de São Paulo)
Bernardo de Sá Nogueira (Universidade de Lisboa)
Carlos Alberto Faraco (Universidade Federal do Paraná)
Charlotte Galves (Universidade Estadual de Campinas)
Clara Barros (Universidade do Porto)
Clarinda de Azevedo Maia (Universidade de Coimbra)
Cristina Sobral (Universidade de Lisboa)
Dante Lucchesi (Universidade Federal Fluminense)
Dieter Kremer (Universidade de Trier)
Elsa Gonçalves (Universidade de Lisboa)
Enrique Rodrigues-Moura (Universidade de Bamberg)
Ernestina Carrilho (Universidade de Lisboa)
Ernesto González Seoane (Universidade de Santiago de Compostela)
Esperança Cardeira (Universidade de Lisboa)
Filomena Gonçalves (Universidade de Évora)
Gabriel Rei-Doval (Universidade de Wisconsin – Milwaukee)
Giulia Lanciani (Universidade de Roma Tre)
Giuseppe Tavani (Universidade de Roma – Sapienza)
Henrique Monteagudo Romero (Universidade de Santiago de Compostela)
João Dionísio (Universidade de Lisboa)
João Paulo Silvestre (King’s College, Londres)
João Saramago (Universidade de Lisboa)
Johannes Kabatek (Universidade de Zurique)
José Pinto de Lima (Universidade de Lisboa)
Luiz Fagundes Duarte (Universidade Nova de Lisboa)
Manoel Mourivaldo Santiago (Universidade de São Paulo)
Maria Ana Ramos (Universidade de Zurique)
Maria Antónia Mota (Universidade de Lisboa)
Maria Aparecida Torres Morais (Universidade de São Paulo)
Maria Teresa Brocardo (Universidade Nova de Lisboa)
Ramón Mariño Paz (Universidade de Santiago de Compostela)
Rita Marquilhas (Universidade de Lisboa)
Rosario Álvarez Blanco (Universidade de Santiago de Compostela)
Sílvia Brandão (Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Sílvio Toledo Neto (Universidade de São Paulo)
Stephen Parkinson (Universidade de Oxford)
Tânia Lobo (Universidade Federal da Bahia)
Telmo Verdelho (Universidade de Aveiro)
Xavier Varela Barreiro (Universidade de Santiago de Compostela)
Yara Frateschi Vieira (Universidade Estadual de Campinas)

Instituições
FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia (financiamento)
FLUL – Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (infraestruturas)
CLUL – Centro de Linguística da Universidade de Lisboa (organização)